segunda-feira, 5 de junho de 2017

MARIS ESTER DE SOUZA - EXEMPLO DE SUPERAÇÃO EM LEITURA

A cada edição, a Feira do Livro de Ribeirão Preto escolhe escritores e nomes da cultura para serem homenageados pela Fundação do Livro e Leitura. E, neste ano, um dos nomes que a fundação elegeu conta uma história de superação e transformação de vida.


Maris Ester de Souza, 52 anos, será a primeira professora homenageada em 17 edições da Feira do Livro, no dia 7 de junho, às 14h, no Auditório Meira Júnior do Theatro Pedro II. Formada pelo Centro Universitário Moura Lacerda aos 41 anos, Maris relata que não foi fácil chegar aonde chegou.
“Estudei até os 14 anos, depois fiquei quase 20 anos sem estudar”, ela conta. Nascida em Ribeirão Preto, frequentou a escola no Sesi da Vila Virgínia. Decidiu voltar a estudar com 31 anos, fazendo supletivo na escola estadual Dom Romeu Alberti, no Jardim José Sampaio Júnior.
Porém, logo depois que saiu da escola, ficou mais quatro anos longe das salas de aula. Foi aí que, na primeira edição da Feira do Livro, sua vida mudou. “Um jovem que conheci na feira me incentivou a voltar aos estudos. Também sofria de depressão na época e meu psicólogo me aconselhou a começar a escrever e comecei a transformar minha vida ali”, explica Maris.
Trabalhando como diarista, tentou retomar os estudos em Batatais mas, não possuindo condições, voltou a Ribeirão. E, graças a uma professora, conseguiu ingressar na universidade em 2006. “Era o último dia para se matricular no Moura Lacerda e a Adria Bezerra, professora amiga minha, pagou do bolso dela, junto com um grupo de amigos, e bancou minha matrícula e os dois primeiros meses de aula” ela conta.
Logo depois, Maris conseguiu um estágio na biblioteca na Avenida da Saudade e, aos poucos, estudava todas as disciplinas conforme podia pagar. Uma colega de trabalho a indicou para participar da Fundação de Amparo ao Preso (Funap), na Penitenciária Feminina do Parque Ribeirão Preto. “Fui selecionada, mas não me chamaram. Foi apenas um ano depois, quando fui doar livros à penitenciária, quando questionei sobre o processo e me disseram que tinha uma vaga disponível”.
Maris passou a trabalhar de manhã na biblioteca e à tarde na penitenciária, para só à noite estudar na universidade. Apesar da intensa rotina, ela não desistiu e sempre contou com o apoio dos amigos. “Eu escolhi ser professora, desde o começo do supletivo eu sabia que era o que eu queria ser, sempre tive muita paixão pela profissão”, ela diz, reforçando que seus amigos faziam questão de ajudá-la no financiamento dos estudos e que, no final do curso, já possuía seu próprio talão de cheque.
Hoje, Maris Ester dá aula na Escola Estadual Jardim Orestes Lopes de Camargo, Zona Norte da cidade, desde fevereiro deste ano, com seu projeto "Sala de Leitura Monteiro Lobato". Ao longo dos anos, tem colecionado vários projetos visando introduzir seus alunos à cultura. Além de ser presidente da Casa do Poeta e Escritor de Ribeirão Preto, é membro da Academia de Letras do Brasil (ALB) de Araraquara e coordenadora do projeto “A Cultura Como Herança” desde 2014, que leva jovens ao teatro e a um maior contato com a arte, a cultura e a literatura.
“Estar hoje levando alunos a atividades culturais é uma grande paixão minha, dar essa oportunidade a eles, observar um aluno entrando em um teatro pela primeira vez não tem preço”, ela completa. Maris também idealizou o projeto pioneiro “Sala de Leitura Fátima Chaguri”, na escola estadual Jardim Diva Tarlá de Carvalho, que se tornou um exemplo em prol da leitura. Também venceu o primeiro Concurso Nacional de Projetos Escolares de Incentivo à Leitura Electro Bonini da Unaerp, em 2011, pelo projeto “Cartas Para Um Escritor”.
Autora do livro “Nua Para o Criador...Vestida Para a Humanidade”,  lançado em 2001 pela editora Paulista, Maris diz que sua obra abriu inúmeras portas a sua vida profissional. “Nunca imaginei que o livro fosse parar em uma escola, o lançamento teve 400 pessoas presentes e ganhei até patrocínio. Inclusive estão me pedindo para editá-lo e lançar uma nova edição”, ela conta, extasiada.
Maris afirma que o que move sua profissão é o desejo de despertar nas pessoas o hábito de ler e escrever, que mudou totalmente sua vida. “Estimular pessoas a ler mais é o grande objetivo da minha vida, eu acredito que é por meio da leitura e do estudo que minha vida teve essa transformação”.
A professora e escritora já atuou como mediadora e madrinha de escritores em diferentes edições da Feira do Livro. Só que dessa vez, com sua homenagem, ela revela que o sentimento é outro. “Fiquei muito emocionada, foi uma surpresa. Ser a primeira professora a ser homenageada pelo evento é uma grande hora, me senti realizada e muito agradecida, sempre lutei pela Feira do Livro, desde a primeira edição”.
Maris Ester ainda reitera que ser professora é educar a todo momento. “Como educadora você enxerga o ser humano de uma maneira diferente, como ele tem um grande potencial, e às vezes ele nem sabe disso. Acredito que no meu trabalho eu consigo passar isso aos meus alunos e que sou professora praticamente 24 horas por dia”, ela conclui.
fonte: https://www.revide.com.br/noticias/cultura/ex-diarista-que-se-tornou-professora-e-homenageada-na-feira-do-livro/
consulta em 05/06/2017
foto trabalhada e postagem por Inajá Martins de Almeida

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